terça-feira, 30 de novembro de 2010

Big Brother Policial

Oportunamente eu estou em casa nesse período movimentado e fortemente documentado pela mídia desta operação das forças do Estado na Vila Cruzeiro e Complexo do Alemão, assistindo o desenrolar desse Big Brother Policial. Assisti a fuga da Vila Cruzeiro com a  alegria de quem quer ver as coisas se encaminharem para o melhor, apesar da presença do "ao vivo" tolher algum dedo nervoso se tornar juiz e executor de uma pena quer nem existe no país.

Quando começaram a surgir as denúncias de abuso nas revistas depois da ocupação,  só me ocorreu uma coisa:

O que se esperava? Não chamaram a operação de Gerra? Populações de áreas em guerra eram tradicionalmente pilhadas, vandalizadas pelos vencedores do conflito.

Quero acreditar que esses casos sejam exceções. Que evoluímos e que sejamos conscientes de que essas formas de comemoração não são mais admissíveis. Que não sejam  ponta de um iceberg, chamarizes por temor que mais condutas contemporaneamente inadequadas venham a público.

A presença da mídia neste evento induziu um nível menor de violência, talvez? Esperemos que não perca o efeito tão cedo, ajudando a criar um cultura mais...humana, quem sabe?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Blogando alterada

Já observei pessoas que se propuseram a experiência de blogar bêbado. Ocorreu-me então uma versão mais proxima da minha realidade, já que quase não bebo: selecionar os textos que já publiquei nos meus momentos "epifânicos", ou seja, aqueles nos quais fui medicada por isso.

Lembro-me que foi num desses períodos que passei da plataforma blogspot para um domínio próprio com base no wordpress, mesmo com um blog sem grandes objetivos além de registrar algumas abobrinhas. Como depois nunca tive muito ânimo para classificar os posts, agora estou com 97 tags e 15 categorias.

Minha primeira epifania data de novembro de 2007, logo depois de um congresso em estatística. Anterior ao evento, o post O porquê da Estatística, poderia ser considerado como o inicio da minha produção de crise, a julgar pelo tamanho incomum do texto. Quatro dias depois eu tornava pública a minha lista de pedidos para o natal, fazendo referencia a uma "troca de gentilezas" com a minha mãe.

Até ali eu ainda estava socialmente normal, exceto pelo fato de ter armado um barraco numa Igreja no final do congresso. Dali pra frente, eu já estava experimentando a realidade com várias camadas, todas elas merecedoras de atenção, como nos confusos posts  do dia 25:

  • "Desabafo: ISSO É CULPA DO FANFARRÃO DO ÊNIO": onde eu comemoro a aquisição de uma penseira numa fanfic com múltiplas referências (mas sem nenhuma indicação disso) e solto os cachorros num amigo inocente;

  • "BRAINSTORM DA PROVA PARA MONITORIA DA CLASSE DE ARITMÂNCIA": Cena já totalmente desligada da realidade da fanfic, utilizando analogia a linguagem do Tropa de Elite, mas com marcadores como caixa alta marcando nível na trama descrita. Diria que tem influência de... bem a algumas percepções que eu tive na madrugada de 24 para 25 de novembro.


Depois, já medicada, começo a escrever sobre a experiência: o preço e o efeito dos remédios, a reação da família. Mas ainda estou com os altos ideais na cabeça, então crio listas de discussão, faço uma carta aberta para saber como se publica um livro, crio uma campanha praticamente impossível de cumprir com um prêmio interminado, me infiltro entre os profissonais, crio uma comunidade no orkut que até hoje só tem um membro.

Em janeiro começo a perceber a extensão do que imaginei durante a epifania, chegando até a fazer um mea-culpa sobre o meu comportamento e exortando os envolvidos a  por isso na conta da doença.

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No episódio do qual me recupero atualmente foi também posterior a um congresso, mas nada tão imediato. Em setembro colei os caracteres cirílicos no teclado como preparação para um projeto de falsos cognatos com russo e voltava a experimentar a escrever em camadas em Epifania. Durante a semana o textos vão mergulhando em vários universos, desde das ainda compreensíveis sinapses oriundas do desenho "O segredo de Eleonor" (tagueadas como e um pretenso ensaio sobre as várias linguagens explorando alguns símbolos matemáticos e erros de digitação como psicografia (tagueado como e ) até um post incompreensível com caracteres cirílicos.

No mês seguinte já reconhecia a recaída e voltava a escrever sobre os efeitos colaterais da medicação de crise.

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Não, ainda não vejo muito sentido na salada de frutas que virou o meu sistema de crenças depois desses episódios. Mas agora fica bem mais fácil d'eu resgatar o que eu descobri nesses momentos de euforia. :)