sábado, 23 de outubro de 2010

Ressaca de epifania

Parece ser um produto da epifania um monte de ideias que depois se esmaecem e não se sustentam. A medicação leva embora o pique que me inspirava, aparentemente. Me pergunto se eu não desaceleraria naturalmente se o processo não fosse interrompido com medicação.

Pela segunda vez essas descobertas-certezas-experiências que eu inicialmente chamei de "epifania" foram interrompidas. Desta vez não é fácil para mim identificar quando foi essa interrupção: não houve uma transição de ambiente do tipo casa-hospital como em 2007.  Tampouco consigo definir um começo, uma vez que apesar da realidade adquirir cores fantásticas, para mim faz sentido.

Fico com a impressão de que é uma questão de tradução, que estou "vendo", "aprendendo", coisas que eu não consigo expressar por aqui, no "mundo real".

Minha esperança vem dum período pouco antes deste novo episódio onde explorei um pouco linguagens como a música, a dança e até mesmo o olfato como formas de expressão, confortável com versões de mim refletidas uma a uma nas seis portas do meu armário. Esse "episódio" não contou como doença. Acho que por que não afetou muito o próximo. É bem verdade nesses cultos a minha consciência não se afastava muito do padrão, mas não consigo dissocia-lo da experiência-doença como um todo.

A verdade é que eu tinha esperança que essas novas ferramentas de expressão me ajudassem a não apavorar quem estivesse à minha volta quando eu tivesse uma desses epifanias. Mas nem a medicação de controle nem as formas alternativas de expressão ajudaram agora. O teatro sagrado que montei à minha volta ainda era assustador - não há nada de discreto em aspergir perfume no seu quarto quebrando o vidro do mesmo quando você adquiriu o hábito de acender incensos por lá.

Então estou aqui. Na ressaca da lição.

Já sem rigidez me proibindo de me erguer, banhar, comer, beber, esfregando na minha cara o quanto eu posso ser dependente dos outros. Costumam botar a raiva no rol dos vilões, mas ela me valia para fechar os punhos, trançar os dedos e ajudar minha família a me mover. Sinto-me mal por dar tanto trabalho, então de boa vontade esperava um rompante de exaustão por parte delas que graças a Deus nunca veio (o que não me impediu de me imaginar com as marcas que esse estresse poderia gerar).

Acho que houve uma lição sobre alimentação aqui: Tem historinha delirante sobre o que eu comia ou não. Além da possibilidade física, lembro-me de estar como que fraca nessa fase, tinha toda uma mitologia sobre o que eu comia e bebia. Cada refeição era  uma celebração e tudo tinha seu motivo para ser ingerido. Deus abençoe os coqueiros, vivi a base de água de coco por um tempo!

Já voltei ao normal, se não estou dormindo estou comendo e vice-versa. :)

Melhor parar por aqui. Não lembro de texto grande por aqui e meu nariz já está congestionado pelas lagrimas que este exercício de escrever sobre o ocorrido me fez derramar. Também não me ocorre grandes adições a serem feitas por hora. Melhor publicar  logo antes que eu  me arrependa ou a light apague de vez a luz por aqui!

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